Cada vez mais mulheres viajam sozinhas ou em grupos de amigas, impulsionando o turismo feminino. Dados da Booking, uma das maiores plataformas de reservas de hotéis, confirmam essa tendência: uma estatística revela que 39% das viajantes brasileiras planejam, ou já planejaram, uma jornada solo.
Embora essa seja uma tendência cada vez mais crescente, as mulheres planejam suas viagens com uma preocupação extra devido aos índices de violência contra a mulher, que ainda são alarmantemente altos, não só no Brasil, mas globalmente.
Para atender a essa demanda em expansão, é essencial que hotéis, agências, guias e todos os prestadores de serviço voltados à experiências turísticas priorizem a segurança e o conforto das viajantes.
Neste post, abordar sobre como empresas do setor podem adotar práticas e mudanças operacionais e estruturais para oferecer experiências que garantam a segurança e a tranquilidade das mulheres em viagem, permitindo que o turismo feminino cresça ainda mais.
O crescimento do turismo feminino
A Associação Brasileira de Agências de Viagens (Abav) apontou que, em 2023, houve um aumento de, no mínimo, 20% no número de mulheres viajantes. A relevância desse público é sublinhada por dados do Ministério do Turismo, que indicaram que 30% das viagens realizadas pelo grupo CVC no mesmo ano foram feitas exclusivamente por mulheres.
Essa tendência não é exclusiva do Brasil. Relatórios internacionais mostram que o turismo feminino é um dos segmentos que mais cresce em escala global, impulsionado por diferentes perfis de viajantes: desde as solo travelers (mulheres que viajam sozinhas em busca de autoconhecimento e liberdade), até grupos organizados de amigas ou coletivos que viajam com foco em cultura, bem-estar e experiências de imersão.
O impacto desse movimento também é econômico: estudos da Organização Mundial do Turismo (OMT) estimam que as mulheres têm forte influência nas decisões de compra de viagens, movimentando agências e operadoras, hospedagens, transporte, gastronomia e entretenimento.
Outro fator que explica o avanço desse segmento é a força das redes sociais e comunidades digitais, onde mulheres compartilham experiências, dicas de segurança, roteiros inspiradores e reviews de destinos e empresas. Isso cria uma rede de apoio e confiança que estimula ainda mais novas viajantes a se aventurarem.
Principais preocupações das viajantes
Embora o turismo feminino esteja crescendo, ainda existem barreiras e receios que influenciam diretamente na forma como as mulheres planejam e vivem suas experiências turísticas, e que são fatores determinantes na hora da escolha do destino e do prestador de serviço.
1. Risco de violência sexual
Infelizmente, os altos índices de violência sexual ainda são uma realidade, fazendo com que diversas mulheres desistam de viagens solo. É essencial que empresas do setor de turismo adotem políticas de tolerância zero a comportamentos inadequados, e desenvolvam ações que ofereçam mais proteção às mulheres.
2. Segurança local
Além da violência sexual, as viajantes também possuem uma grande preocupação com relação a furtos, assaltos e outras situações de violência em passeios, transportes e hospedagens.
Outro grande receio está atrelado ao tráfico humano, especialmente em destinos conhecidos como rotas desse tipo de crime, fazendo com que muitas mulheres desistam de viagens solo.
3. Falta de infraestrutura ou suporte adequado
A ausência de estruturas adaptadas e seguras, como transporte confiável, iluminação pública, sinalização adequada e canais de comunicação acessíveis, é um desafio em alguns destinos, gerando receios especialmente para o público feminino.
Muitas mulheres buscam serviços voltados à sua realidade, como acomodações com espaços exclusivos para o público feminino, transfer confiável, e acompanhamento profissional em atividades de aventura.
4. Suporte em caso de emergência
Saber a quem recorrer em situações de risco é uma das maiores preocupações durante as viagens. Muitas vezes, a insegurança surge da falta de informações práticas, como contatos de emergência, localização de postos policiais, hospitais e canais de atendimento 24h.
Quando as empresas oferecem atendimento ágil, empático e multilíngue, além de canais digitais acessíveis, transmitem mais confiança às viajantes. Uma comunicação clara e eficiente é parte essencial de uma experiência segura
Como oferecer experiências mais seguras
Adotar medidas e políticas de proteção às mulheres é uma forma de mostrar o quanto a sua empresa se preocupa em garantir a segurança das viajantes e em promover o turismo feminino.
Confira abaixo algumas práticas que a sua empresa pode adotar para promover experiências mais seguras.
1. Planejamento com foco na experiência feminina
Antes de criar um roteiro, analise o percurso sob a ótica da mulher viajante. Avalie horários, deslocamentos, pontos de apoio e iluminação, além de oferecer opções seguras de transporte.
Você pode adaptar roteiros ou criar alternativas seguras sem comprometer a experiência. Pequenos ajustes no planejamento fazem grande diferença na percepção de segurança e conforto.
Sempre disponibilize informações de forma acessível, tanto antes quanto durante o passeio, pois a transparência oferece a sensação de segurança e controle por parte da cliente.
2. Tecnologia a favor da segurança
A tecnologia é uma grande aliada do turismo feminino. Aplicativos de rastreamento de localização, comunicação instantânea, alertas automáticos e canais de suporte 24h são extremamente úteis em situações de risco.
3. Ambientes e experiências supervisionadas por mulheres
A presença feminina em cargos de guia, coordenação ou liderança operacional, por exemplo, tende a reduzir situações de assédio e criam um ambiente de maior empatia e confiança para as clientes.
Isso contribui para que as turistas se sintam mais à vontade em comprar experiências turísticas da sua empresa.
4. Atividades voltadas para mulheres
Você também pode pensar em criar atividades exclusivas para mulheres. Por exemplo: trilhas ou passeios que serão realizados apenas pelo público feminino, como forma de transmitir mais segurança, especialmente para quem opta por viajar só. Criar um ambiente onde as mulheres se sintam ouvidas e acolhidas é essencial.
5. Políticas de tolerância zero
Deixe explícito que qualquer tipo de assédio, discriminação ou comportamento violento é inaceitável, seja de colaboradores, parceiros ou clientes. Essas regras devem estar presentes nos contratos, comunicações e termos de uso, reforçando o posicionamento da empresa.
6. Crie parcerias de confiança
Para promover um turismo feminino seguro, trabalhe apenas com parceiros, hospedagens e transportes certificados ou com histórico positivo de segurança. Exibir selos, avaliações e recomendações de outras viajantes é uma forma eficaz de transmitir credibilidade e atrair o público feminino.
